RAIO-X com Alexandre Frazão

Apresentamos uma nova rubrica Road Crew, o RAIO-X. Entrevistas aos nossos endorsers onde se fala do material que usam, técnicas e outras curiosidades.

Estreamos o RAIO-X nem mais nem menos com Alexandre Frazão, artista Remo e Zildjian, um baterista conhecido por muitos e uma influência para outros. Fã confesso de John Bonham, fala-nos das suas origens e revela alguns segredos.

Road Crew – Com que idade começaste a tocar?
Alexandre Frazão – Com 14 anos no Brasil, onde vivi até aos meus 18 anos.

RC – Porquê bateria e não outro instrumento? Nunca consideraste outro?
AF – Não sei explicar como se escolhe um instrumento para tocar, sinto que é mais forte do que nós… uma necessidade de querer atingir algo mais alto e profundo e ao mesmo tempo uma grande brincadeira! Amor a primeira vista e para sempre!

RC – Quando é que percebeste que ias fazer da música a tua vida? Sempre tiveste a certeza que era isto que querias fazer como profissão ou já pensaste noutra?
AF – Desde essa altura quis seguir este caminho… achava que se fosse bom no que me propunha… iria tocar! Esta fé inocente foi-se transformando em sérios argumentos do meu dia a dia… esse estado de espírito mantém-se há 33 anos.

RC – Tens uma base de formação ou és principalmente auto-didata?
AF – Nos primeiros anos toquei em bandas de garagem e por cima dos discos (ainda faço), depois tive aulas no conservatório de Niteroi (Rio de Janeiro) onde me mostraram “ferramentas” para aprimorar. Quando vim para Portugal estive na escola do Hot Club e tive a sorte de conhecer muitos mestres em Workshops como: Max Roach, Kenny Washington e Alan Dawson.

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É para mim o mais importante: fazer e partilhar com quem está na mesma onda

RC – A nível musical, o que é que ainda gostava fazer?
AF – Tenho a sorte de tocar com boa parte da cena musical neste país. Pretendo manter este estado, mas sempre aberto em somar novas experiências. É muito gratificante tocar com pessoas que estão no mesmo estado de espírito em relação à musica. É para mim o mais importante: fazer e partilhar com quem está na mesma onda, seja aqui ou em qualquer parte do mundo…

RC – Quais foram e são as tuas principais referências e inspirações?
AF – Sempre tive atracção pelos bateristas mais musicais… os bateristas que põem a música em primeiro lugar. Isso não quer dizer que não tenham um papel de destaque no ensemble… adoro todos os que utilizam o seu poderio técnico mas com a música em primeiro plano e cito alguns exemplos: John Bonham, Elvin Jones, Steve Gadd, Peter Erskine, Philly Joe Jones, Jim Keltner, Jon Christensen, Dave Lombardo e centenas de outros…

RC – Tens um setup habitual ou varia muito?
AF – Acho que varia conforme o estilo da música que estou a tocar, gosto de variar o set up… tanto os tambores como os pratos, tenho tamanhos pequenos para determinados estilos e também grandes para outros… pratos mais escuros com pouco volume e pratos brilhantes e explosivos! Percorro o mais possível todas as possibilidades, consoante a música que toco.

RC – Tens uma “arma secreta” no teu setup?
AF – Agora poderia me armar e dizer que a “arma secreta” sou eu! 🙂 …hahaha! Mas a sério, gosto de gadgets e utilizo vários utensílios como tubos de plástico, colheres, “coisas” em cima da tarola, muitos tamanhos de baquetas diferentes (o que causa muita dificuldade em ter uma baqueta só como meu modelo).

RC – Conta-nos uma história da tua carreira que nunca te vais esquecer
AF – Em 1995 tive a sorte de estar em um workshop com o senhor Max Roach e juntamente com outros 10 ou 12 bateristas alunos, iríamos fazer um concerto no fim da semana de aulas. Nos ensaios para o concerto eu estava constantemente a tentar manter os bateristas no mesmo tempo (mais rápido/mais lento…), o Mr. Roach chamou-me à parte e muito educadamente disse: “Alex, tu tocas muito com metrónomo não é?” e eu todo orgulhoso disse: “sim Sr.!” e ele disse: “Isso é realmente maravilhoso! E continua a praticar, mas toma cuidado, pois quando tocas com seres humanos vais ter de adaptar o teu tempo sem prejudicar nem uma coisa nem outra!” 🙂

RC – Tocas outro instrumento? Ainda gostarias de aprender algum?
AF – Toco melódica com TGB (Tuba, Guitarra & Bateria) e componho o que me é possível no piano.

pés no chão mas a cabeça no ar

RC – Por último, um conselho para quem está a começar a tocar
AF – Se uma pessoa sente o chamamento da bateria ou qualquer outro instrumento e acha que tem algo para dizer com música… então terá de ter duas coisas importantes: pés no chão mas a cabeça no ar, o que quer dizer: praticar/estudar muito, muito a sério, mas sempre a sonhar e imaginar como se fosse uma brincadeira!

LINKS:

Facebook Alexandre Frazão
Site Remo
Site Zildjian

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